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Os preparativos da viagem


Em Maio/2016 retornei ao Chile (estive a primeira vez em 2006, no final de um roteiro que começou pela Argentina, via Bariloche, cruzando os lagos andinos e chegando à região de Puerto Varas). Desta vez, com um novo companheirinho de viagem (Henrique, um garotão de 4 anos), resolvemos voltar a este belíssimo país, tão próximo de nós e ao mesmo tempo tão diferente...Apesar de já ter viajado para diversos destinos, confesso que estava meio apreensivo em viajar com crianças, devido aos imprevistos que poderiam surgir (tempo maior de vôo, permanência em locais com climas e altitude bem diferentes de nossa realidade, etc...). Pesquisei muitos blogs sobre o assunto, conversei com amigos que viajaram com filhos em idades similares, cercamo-nos de alguns cuidados e no fim deu tudo certo. A ajuda de ter lido alguns blogs me motivou a compartilhar nossa experiência de viagem.

Quando começamos a pensar pra onde levar o pequeno em sua primeira viagem para fora do país, o Chile já veio logo a mente, pela proximidade e belas paisagens. O sul do país (que já conheciamos) veio como primeira opção, mas desta vez estendo um pouco até a cidade de Pucón. Porém, quando começamos a pesquisar, vimos que é uma região que chove muito nessa época do ano (Maio), então como teriamos tempo (16 dias), resolvemos incluir o Deserto do Atacama (lá teriamos a certeza de pegar dias sem chuva).

Minha esposa não demonstrou muito entusiasmo a princípio em ir a um lugar extremamente seco (o deserto mais árido do mundo!!!), com altitudes que chegam a mais de cinco mil metros, com extremos de temperaturas com uma criança que não sabiamos ainda como se adaptaria...felizmente, depois mudou radicalmente de opinião.

Idéia aprovada, passamos à fase trabalhosa (e não menos agradável, ao menos na minha opinião), de pesquisar e planejar tudo: hospedagem, deslocamentos internos lá no Chile, aluguel de carros, pré-escolha de passeios, etc... ah, adquirir roupas também, já que enfrentariamos temperaturas muito variáveis (até abaixo de zero) e muita chuva (pensávamos nós...). A seguir algumas dessas etapas:

O roteiro completo da viagem

1- Passagens: os trajetos internacionais pagamos com milhagem, já que seria uma viagem que chegaríamos por uma cidade e sairiamos por outra, e se fosse uma passagem paga sairia absurdamente cara (no programa de milhagem não faz diferença, porque a reserva pode ser feita por trecho). Saímos e voltamos por São Paulo, então o roteiro ficou assim: ida São Paulo a Calama (aeroporto de entrada para o Atacama), com conexão em Santiago e volta de Puerto Montt (no sul do país) para São Paulo. O trecho aéreo interno (de Calama até a região de Pucón, via aeroporto de Temuco), fizemos com passagens da Sky Airlines (ATENÇÃO: compre num site lá do Chile, porque comprando nos sites brasileiros como Decolar, Tam, etc... a diferença de preço é absurda). Comprei num site de uma agencia de lá (https://www.atrapalo.cl/), como cidadão chileno (fornecendo o numero do passaporte e pagando com cartão crédito internacional) e paguei muitoooo mais barato.

2-Hospedagem: pesquisar sempre é bom e existem inúmeros sites que ajudam muito (Booking, TripAdvisor, Decolar, etc...). A maioria de nossas reservas foi via Booking.com. Atentar para o seguinte: todos os hotéis dão o preço sem o IVA (Imposto sobre o Valor Agregado, obrigatório para os cidadãos chilenos), então quando for pagar avise sempre que quer a isenção (são 19%). Para ter direito ao desconto, é obrigatória a apresentação do passaporte e da guia de imigração (detalhada abaixo). Se a recepção do hotel quiser te enrolar, diga que é necessário que eles façam uma "factura de exportación" (assim vão saber que vc está sabendo do assunto).

3-Aluguel de carro: a parte sul do Chile foi feita toda de carro (peguei o carro em Temuco, que é o aeroporto comercial mais próximo de Pucón e devolvi no aeroporto de Puerto Montt). Utilizei a agencia Rentalcars.com e escolhi uma locadora chamada Rosselot, que foi a melhor em termos de preço e pela flexibilidade de retirada e entrega em cidades diferentes. A Rosselot é ótima, carros novos, atendimento perfeito (até taxas que eles poderiam cobrar, como a taxa de limpeza já que eu entreguei o carro muito sujo, foi dispensada). A opção de ficar com carro é perfeita, já que nos dá autonomia para fazermos nossos roteiros, dava pra levar o tempo todo aquele mundo de coisas que viajar com crianças exige (de mudas de roupas a brinquedos, além de água, biscoitos, etc....).

O carro que escolhi foi um Jeep Compass porque fiquei meio preocupado com as estradas de terra que poderiam estar com neve, lama, buracos, porém vi que nem precisava de tanto. As estradas, mesmo as de terra são muito bem conservadas. Mas o carro é ótimo!!!.

4-Dirigindo no Chile: as estradas são muito bem sinalizadas e seguras, mesmo na rodovia principal do país, a Rodovia Panamericana (a Ruta5, que corta o país de norte a sul) não tem transito pesado como nossas rodovias. Porém, alguns cuidados são necessários:

-é obrigatório o uso de farol aceso mesmo durante o dia.

-nossa carteira de habilitação é válida lá.

-uma coisa que é bom ficar atento: cuidado que os postos de abastecimento são mais escassos que os nossos, normalmente só existem próximo às cidades, então é bom ficar sempre com tanque cheio. Mesmo na rodovia principal, passamos por trechos de mais de 200km sem postos. Os postos da rede Copec são ótimos, tem ótima estrutura de apoio. A gasolina é um pouco mais barata que aqui, o litro da gasolina 95 custou 720 pesos (3,60reais).

-se acontecer algum imprevisto e vc cometer alguma infração, seja cordial e aceite a multa ou advertencia sem questionar: a polícia de lá é incorruptível e se tentar o "jeitinho brasileiro", com certeza terá problemas sérios, muito sérios (o Chile não é o Paraguai!!!).

--Os programas de navegação como o Waze funcionam bem por lá, eu optei pelo Here Maps, porque tem a vantagem de permitir o download dos mapas de lá antecipadamente, então dá para navegar mesmo sem internet. Antes de sair do Brasil, eu já tinha cadastrado todos os hotéis e destinos, então facilitou muito.

-cadeirinha para crianças: as regras são as mesmas de cá, são obrigatórias para todas as crianças. Na locadora também alugam, mas como fiquei vários dias, acabei comprando uma lá, em uma loja de departamentos e valeu muito mais a pena.

-pedágios: na rodovia principal (Ruta5) existem pedágios principalmente nos acessos de entrada e saída da rodovia, o preço médio é ao redor de 2.000 pesos (cerca de 10 reais); alguns aceitam cartão de crédito (não todos, então é bom ter uns pesos chilenos na carteira).

Um trecho da Ruta 5, a principal rodovia do país (estava muito nublado)

Mesmo as rodovias secundárias estão em bom estado são bem sinalizadas

As estradas de terra também estão em bom estado

5-Telefone: definitivamente não vale a pena fazer roaming internacional, sai muito mais caro. Comprei um chip de lá (Entel) com um plano de internet pré-pago (custou 12.000 pesos=60 reais, com direito a 2 GB). No próprio aeroporto de Santiago tem lojinhas que vendem e instalam na hora. A cobertura da Entel é boa, tanto no Atacama como no sul do país.

6-Roupas: teriamos que estar preparados para enfrentar temperaturas extremas e possivelmente muita chuva, então reforçamos nosso estoque de agasalhos, principalmente para a criança. Uma loja que foi nosso grande fornecedor foi a Decathlon (tem site na internet e lojas físicas em alguns estados), e realmente é muito boa. Têm roupas e acessórios para todas as situações e os preços são bem competitivos. Destaque para as roupas para frio e impermeáveis (a prova de chuva e vento, muito úteis) e também para umas botas que são realmente impermeáveis, mas tem a leveza, conforto e o aspecto de tênis... muito boas!!! Ficar com pés molhados em clima frio é literalmente uma fria!!!

Teste do calçado: realmente é impermeável

7-Documentos: apesar de aceitarem nossos documentos de identidade lá (desde que não sejam muito antigos), optamos por levar passaportes. Ah, quase cometemos um descuido que poderia ter nos custado caro: estavamos acostumados a viajar aqui dentro só com a certidão nascimento da criança, e para sair do país não é válido (só identidade ou passaporte)...ufaaa, ainda bem que percebemos a tempo.

É recomendável tirar uma cópia do documento para o caso de extravio ou furto (pode ser uma foto de celular mesmo) - no caso do passaporte, basta ser daquela página onde tem a foto e dados pessoais. Por medida de segurança, além de guardar a cópia no celular, sempre envio também para meu e-mail (que pode ser recuperado de qualquer lugar, caso o celular também desapareça). O mesmo para os cartões de crédito, vouchers de reserva de hotel, passagens de avião, etc...

Antes de desembarcar, ainda dentro do avião, te dão uma guia de imigração que deve ser preenchida e apresentada no aeroporto de entrada. Não perca esse papel de maneira alguma, guarde-o junto com o passaporte. Vc vai precisar dele quando sair do país e também para ter direito à isenção do IVA.

Guia de Imigração: guarde este documento com cuidado

8-Saúde: vacinas não são obrigatórias para entrar no Chile, porém para nos prevenirmos de uma eventual gripe ou resfriado, tomamos a vacina H1N1 e um bom reforço de vitamina C nas semanas que antecederam a viagem. Fizemos também um seguro-saúde (o plano America do Sul Standard da Mondial dá uma boa cobertura por um bom preço).

Também é imprescindível levar uma farmacinha com os remédios mais comuns (analgésicos, antitérmicos, curativos, anti-gripais), já que cada país tem suas particularidades para compra de medicamentos. Protetor solar e labial também.

9- Dinheiro: o peso chileno é uma moeda fraca em relação ao real, então todos os preços lá são em milhares de pesos (cotação em Julho/2016: 1.000pesos=5,00 reais, ou seja, para saber o valor em reais, divida o preço em pesos por 200). O real é até aceito na região de Santiago, mas não no interior. Como comprar pesos chilenos aqui no é mais difícil, existem algumas opções, todas elas com seus prós e contras:

-dolar: é aceito em hotéis e restaurantes, porém com a taxa de cambio deles. Existem casas de câmbio nas cidades mais turísticas. Evite fazer câmbio no próprio aeroporto, são as piores taxas. Normalmente eu sempre levo alguns dólares, independentemente do destino, para alguma emergência, mesmo que acabe não gastando-os lá fora.

-cartão de crédito: foi a opção que mais usei, apesar de ter que pagar o IOF de 6,38%, é a opção mais segura e prática, além de conseguirmos a pontuação que podem virar milhagem aérea depois. O único risco é que a conversão para real é feita no momento do fechamento da fatura do cartão (e não da compra), então se nossa moeda se desvalorizar no período será ruim. Todas as compras feitas no exterior, independente da moeda local, é convertida em dólares na fatura do cartão. Não esqueça de habilitar seu cartão para uso internacional.

-saque na conta corrente: é uma modalidade muito útil também, já que é sempre bom ter dinheiro de lá para pequenas despesas (táxi, entradas em alguns passeios, pedágios, pequenas compras, etc...). Vc habilita tua conta corrente para poder sacar lá fora, diretamente nos caixas automáticos. O valor é debitado diretamente em sua conta corrente (é preciso ter saldo), com a cotação do momento da transação. É cobrado o mesmo IOF do cartão de crédito. Uma dica: vale a pena sacar um valor maior de uma vez, ao invés de ir sacando aos poucos, porque é cobrada uma taxa fixa a cada saque, independente do valor sacado (a taxa é ao redor de 4.000 pesos e o valor máximo de saque é de aproximadamente 330.000 pesos/dia).

-travel money: é um tipo de cartão pré-pago, que vc carrega antecipadamente em dólares e pode sacar em caixas automáticos ou mesmo pagar em estabelecimentos cadastrados. A vantagem é que vc já sabe a taxa de conversão antecipadamente, na hora que adquire o cartão. Quando acabar o saldo, pode ser recarregado através do teu banco, mas são cobradas algumas taxas.

10- As malas: fazer uma boa mala é uma arte, quase uma ciência onde pesam a paciência, a experiência em viajar e principalmente o bom senso. Convém lembrar que vamos para lugares onde normalmente não podemos nem temos tempo para ficar lavando ou passando roupas, então temos que levar itens suficientes, sem ter que sair carregando todo nosso guarda-roupas. Saber antecipadamente o clima e as situações que vamos encarar é essencial. Alguns itens são realmente coringas (como camisetas de malha e os imbativeis jeans que, além de serem usados em diversas situações, sujam e amarrotam pouco). Para não ficarmos perdidos, é bom separarmos as roupas antecipadamente e já ir planejando mentalmente que roupas iremos usar em cada dia antes de botar na mala, assim diminuimos o risco de faltar ou sobrar (convém lembrar que não estaremos em casa, então temos que abrir mão de elegância perfeita em prol de uma mala mais leve). Também é bom montar a mala na sequência de uso, ou seja, aquelas peças q sabemos que iremos usar só no final da viagem fica no fundo, assim não precisamos ficar revirando a mala a toda hora (cada vez que uma peça é retirada e volta, amarrota mais). O ideal é cada um ter e fazer sua própria mala, assim saberá de antemão com quais peças poderá contar durante a viagem. Outra dica que aplico sempre é levar sacolas plásticas (pode ser dessas de lixo mesmo), então durante a estadia em determinado hotel, as roupas sujas não precisam voltar para a mala todo dia, elas vão sendo armazenadas nos sacos e só voltam para a mala no último dia. Também é conveniente, nesse momento, refazer a mala, colocando as roupas sujas que não iremos mais usar, no fundo da mala, e colocar algo (pode ser aquele saco plástico), delimitando o limite roupa suja/limpa... é importante arrumar as roupas mesmo sujas, porque roupas bagunçadas ocupam muito mais espaço. Saquinhos para os sapatos, tenis e chinelos também são essenciais, já que podem ficar meio sujos. Em relação aos sapatos, procure na medida do possível já sair calçado com os mais volumosos (como botas), assim poupam um espaço precioso na mala. Caso seja impossível, leve numa bolsa ou mochila. Aliás, uma mochila é item essencial, não só para os deslocamentos como também para o uso diário durante a viagem: são versáteis e dá pra carregar muita coisa que podemos precisar, de biscoitos e garrafas de água a documentos, camera fotográfica, agasalhos, etc... Existem modelos impermeáveis muito bons para o risco de alguma chuva imprevista no caminho.

Uma reserva de espaço é necessária, eu uso aquelas malas com expansores (um zíper adicional que permite criar um espaço adicional). Sempre acabamos comprando alguma coisinha, faz parte de qualquer viagem. Sempre comento que normalmente nossas malas ficam grávidas , e a gravidez vai se adiantando durante a viagem. Só não vale já fazer a mala usando aquela reserva adicional de espaço desde o começo!!!

A mala encheu demais durante a viagem?

Basta recorrer aos expansores...

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